quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Fonte Encantada

Irei publicar um roteiro por semana que serão apresentados no Festival de uma Cia Só, parte integrante da minha Pesquisa de Doutorado. Qualquer contribuição sobre a estrutura dos roteiros será muito bem vinda.


A FONTE ENCANTADA - Pastoral
Tradução, adaptação e argumento: Marcus Villa Góis. Manuscrito original conservado na Biblioteca Corsiniana Roma, Manoscritti 45G5 e 45G6. Publicado por: TESTAVERDE, Anna Maria. I Canovacci della Comedia dell’Arte. Torino: Giulio Einaudi, 2007.

Personagens


Pantaleão, Mercador. Ator 1.
Isabela, que se crê filha. Ator 5.
Arlequim, servo. Ator 3.
Graciano, Doutor. Ator 4.
Horácio, filho. Ator 6.
Capitão. Ator 7.
Covielo , servo. Ator 6.
Francisquinha. Ator 2.
Hortência, depois filha de Pantaleão. Ator 5.
Mago. Ator 2.
Músico. Ator 4.
Leão. Ator 2.



Coisas: Garrafinha com água, roupa de leão, armadura leve, dinheiro, urinol, roupa de nobre para Arlequim, corda, roupa de louco. Cartas, roupa de homem para Isabela, estilingue.



Argumento
            Numa pequena cidade, no interior da Itália, viviam duas poderosas famílias, uma de um mercador conhecido como Pantaleão, que tinha por filha a doce Isabela e por empregado um astuto servo que atendia pelo nome de Arlequim, e a outra de um mercador conhecido por Graciano, pai do nobre Horácio, servidos pelo estabanado servo Covielo. Nesta mesma cidade, desprezada por todos, por causa de sua pobre condição, vivia também a bela Hortência e sua misteriosa mãe Francisquinha. As revelações que Francisquinha fará serão conhecidas no decorrer da ação.

Cidade.

CENA 1: HORÁCIO e ISABELA
Horácio fala sobre o amor de Isabela, filha de Pantaleão, bate palma. Isabela, da janela, ouve Horácio e se descobrem amantes, trocam juras de amor, combinam fugir com a madrugada e entra; ele vai encontrar músicos e sai feliz.

CENA 2: PANTALEÃO e HORTÊNCIA
Pantaleão fala sobre o amor de Hortência, filha de Francisquinha, bate palma. Hortência, da janela, compreende o amor do velho, diz que fale com sua mãe e entra em casa. Nisto.

CENA 3: CAPITÃO, PANTALEÃO e FRANCISQUINHA
Capitão narra as suas bravuras, declara o seu amor por Hortência. Pantaleão e Capitão se descobrem rivais, depois de disputa concluem falar com a mãe de Hortência, batem chamando Francisquinha. Francisquinha sai de casa. Capitão lhe pede Hortênsia por amante, concubina, ela enxota-o, Capitão bradando, sai. Pantaleão a pede por esposa, ela se alegra e entra. Nisto.

CENA 4: GRACIANO, PANTALEÃO E ARLEQUIM
Graciano, depois das saudações, conclui, com Pantaleão, dar Isabela a Horácio, e que não dirão nada até o próximo dia. Graciano sai para convidar os parentes. Nisto: Arlequim sai de casa, Pantaleão diz que quer ir a um banquete à noite, Arlequim diz querer ir também; ao fim Pantaleão se alegra e chama Isabela.

CENA 5: ISABELA, PANTALEÃO e ARLEQUIM
Isabela entende que Pantaleão não volta à noite, finge desagrado; ele vai embora, ela conta a Arlequim toda a combinação. Arlequim fica contente, entram.

CENA 6: CAPITÃO, COVIELO, MÚSICO depois ISABELA
Feitos os lazzi, se colocam em guarda, músico canta. Isabela, acreditando que o Capitão fosse Horácio, foge com ele. Nisto.

CENA 7: ARLEQUIM, COVIELO, MÚSICO
Arlequim esvazia um urinol em cima de Covielo e do Músico fazendo terminar a cena.

CENA 8: HORÁCIO, MÚSICO
Horácio cantando embaixo da janela de Isabela. Nisto

CENA 9: HORÁCIO, MÚSICO e ARLEQUIM
Arlequim com uma touca de dormir da janela grita que não o deixam dormir. Músico foge com medo. Horácio se faz conhecer, Arlequim sai, diz que Isabela foi embora; ele, fazendo loucuras, parte; Arlequim imita-o. Nisto

CENA 10: PANTALEÃO e ARLEQUIM
Pantaleão diz que vem do banquete, ri de Arlequim, ao fim, diz a Arlequim para que consiga uma mulher, Arlequim ri; ao fim, compactuam, se alegram fingindo Pantaleão ser o Conde Polidoro; Pantaleão bate pra chamar Francisquinha.

CENA 11: FRANCISQUINHA, PANTALEÃO, ARLEQUIM e HORTÊNCIA
Francisquinha, em cena, compreende o jogo do Conde, fazem lazzi; ao fim se alegra e chama Hortência. Hortência, por compaixão à mãe, toca a mão do conde, mas foge dele; Francisquinha corre atrás dela.

CENA 12: PANTALEÃO e ARLEQUIM
Pantaleão dá dinheiro a Arlequim para o banquete e para vestir a noiva; entra em casa e não encontra Isabela, grita com Arlequim, o qual foge. Nisto.

CENA 13: GRACIANO, PANTALEÃO depois ARLEQUIM
Graciano surge desesperado pelo filho louco, Pantaleão diz que Isabela se tornou vagabunda; sofrem juntos. Nisto: Arlequim surge na rua, batem nele, descobrem tudo. Nisto.

CENA 14: MAGO, GRACIANO, PANTALEÃO e ARLEQUIM
Mago diz a eles sobre a água da fonte encantada, guardada por um leão e sai; Graciano vai procurar quem vá pegar a água. Nisto.

CENA 15: CAPITÃO, PANTALEÃO e ARLEQUIM
Capitão em cena. Pantaleão conta tudo e roga que ele vá nesta empreitada, ele contente vai se armar. Nisto.

CENA 16: HORÁCIO, COVIELO, PANTALEÃO e ARLEQUIM
Horácio fazendo loucuras, jogam a cartas. Horácio prega uma peça neles e sai. Nisto.
Covielo: espanca Arlequim pela urina, saem todos e termina a cena.

CENA 17: ISABELA e HORÁCIO
Isabela, chorando, vestida de homem com a gentileza do Capitão que lhe emprestou as roupas de um parente; diz que  fugiu com o homem errado e ele contou-lhe da empreitada, diz querer ir também à empreitada da água para livrar Horácio da loucura. Nisto.
Horácio faz loucuras e parte; ela sai para ir ao bosque.

CENA 18: PANTALEÃO E GRACIANO
Pantaleão e Graciano desesperados pelos filhos, vão ver se os encontram.

CENA 19: ARLEQUIM, FRANCISQUINHA.
Arlequim com o dinheiro que não gastou, bate na casa de Francisquinha. Ela sai de casa, feito os lazzi, enfim se revela como irmã de Arlequim (ele havia sido dado para Pantaleão cuidar); manda-o para casa consumar o casamento com Hortência. Arlequim, feliz, entra. Nisto.

CENA 20: PANTALEÃO, FRANCISQUINHA
Pantaleão aparece sofrendo por Isabela. Francisquinha o consola dizendo que não ela é a sua verdadeira filha e lhe narra a troca (de Hortência com Isabela e diz que ele não poderia casar-se com a própria filha); diz também que Arlequim está em casa com a futura esposa, e o chama.

CENA 21: ARLEQUIM, PANTALEÃO, FRANCISQUINHA
Arlequim, amarrando as meias, confessa tudo (não ter comprado nada pro banquete nem para noiva); Pantaleão briga com Francisquinha e manda Arlequim se vestir como um nobre; ela entra em casa. Arlequim vai comprar roupa e sai. Nisto.

CENA 22: HORÁCIO, GRACIANO, PANTALEÃO
Horácio entra em cena fazendo loucuras. Graciano o segue preocupado, ele e Pantaleão combinam algo ao ouvido. Nisto: Horácio continua suas loucuras. Os velhos o pegam e o surram, entram com ele em casa.

Bosque (Ator 7 puxa o cenário do bosque, ator 5 opera máquina de fumaça, som de trovão depois de fonte d’água).

CENA 23: CAPITÃO, ISABELA, LEÃO e MAGO
Capitão do bosque, atira com estilingue. Nisto: Isabela implora para ser a primeira a pegar a água, ele não quer. Nisto: Leão surge, Capitão foge, Leão acaricia Isabela que entra para pegar a água com a permissão do mago. Nisto: há a transformação do Leão no Mago. Mago volta com uma garrafinha e vão à cidade. Todos saem.

Cidade (Ator 7 puxa o cenário anterior de cidade).

CENA 24: CAPITÃO, PANTALEÃO, ISABELA, FRANCISQUINHA, HORÁCIO, HORTÊNCIA e ARLEQUIM.
Capitão, fugindo, é o primeiro a chegar na cidade. Pantaleão prega uma peça nele (imitando leão). Nisto: Isabela, com a água, faz chamar Horácio. Pantaleão vai pegar Horácio. Francisquinha surge e pergunta da aventura. Pantaleão trás Horácio amarrado e vendo as duas conversando revela a Isabela que ela não é sua filha, mas de Francisquinha. Hortência entra e diz que ouviu tudo. Francisquinha revela não ser a mãe de Hortência e Pantaleão ser o seu pai. Isabela diz que nada importa, somente o seu amor, Horácio é banhado por Isabela com a água, ele se cura e a esposa; Pantaleão chama Arlequim, que vem vestido de nobre, depois de muitos lazzi esposa Hortência. Fazem alegrias.

Termina a tragicomédia.

Cenas a serem ensaiadas:
Horácio e Isabela trocam juras de amor.
Pantaleão e Capitão declaram seu amor.
Capitão narra as suas bravuras.
Feitos os Lazzi (de se posicionarem para serenata).
Músico canta.
Horácio fazendo loucuras.
Pantaleão finge ser Conde Polidoro.
Horácio: prega uma peça jogando cartas.
Francisquinha lazzi o dinheiro compra a irmandade e troca na maternidade.
Noivos se esposam.
Fazem Alegrias (Filhas cumprimentam novos pais, Hortência se transforma em Graciano).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Morro das Artes

O Morro das Artes ficou sem água. Passei todo o final de semana passado e hoje consertando a fiação que serve para ligar a bomba d'água, eu e Paulo Henrique, o mais novo morador do Morro das Artes, sede da Associação Cultural Arte em Todas as Partes. Lá é um ponto de Cultura da Fundação Gregório de Matos mas não tem água da embasa, temos de puxar de um poço a uns 150 metros da casa.

No meio da capoeragem já ouvi muito: "rapadura é doce mas não é mole!". Não é brinquedo não manter um sítio sede de uma ONG. Tantos já passaram por lá, tantos foram os eventos, mas todos passaram, menos Paulo Henrique. Hoje é ele quem está dando vida ao local. Mas quem se interessa com o Cassange? Quem sabe onde fica? Na semana passada, no BA TV passou uma reportagem sobre o Cassenge! Os jornalistas não sabiam nem falar o nome certo do bairro: Cassange. Reportagem que acusava a falta de água, asfalto, escolas, transporte, posto de saúde, ou seja, TUDO! Onde fica? Km 2 da Estrada do Cia, aquela no Salvador Norte Shopping!

Mas meu vizinho de cerca está loteando seu terreno. São 120 m² por R$3000,00 (R$500,00 de entrada e R$100,00 por mês sem juros) deve ter uns 30 lotes por lá. Se pagar a vista ele deve dar um desconto. Seu telefone é 33951688, seu nome é Lauro Paim. Divulgo aqui pois acho melhor que os amigos comprem e não desconhecidos. Quem sabe não aparece um grupo que queira administrar uma ONG?

Em baixo alguns links da Associação.

http://www.fotolog.com.br/artetodaparte/mosaic

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=9665980223486604035&rl=t

http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/lista-catalogo-polo.php?cod_area=4&cod_polo=64

http://pontoapontobahia.wordpress.com/salvador-arte-no-morro/

http://www.via6.com/empresa/89944/associacao-cultural-arte-em-todas-as-partes

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Corpus para a pesquisa contemporânea em Commedia dell’Arte

Esse foi o texto publicado por mim no VI Congresso da ABRACE em São Paulo. Na verdade queria publicar só o link mas o portal da ABRACE está bem complicado... e não sei se está lá. Mas deveria!


Corpus para a pesquisa contemporânea em Commedia dell’Arte

Marcus Villa Góis
Programa de Pós-Gradução em Artes Cênicas – Ufba
Doutorando – Artes Cênicas – Or. Prof. Dr. Armindo Bião
Bolsa Fapesb

Resumo: Procura-se definir um corpus de referência para a dramaturgia do ator na Commedia dell’Arte e indicar a multiplicidade e variedade de textos produzidos por seus atores/ autores, ordenados por nome e ano de publicação, com a indicação de gênero teatral, cidades e editoras da primeira e posteriores edições. Esse corpus contém, exclusivamente, textos do que se considera, tradicionalmente, como dramaturgia e, também, textos de outro tipo de dramaturgia, menos tradicional, conhecida pelo termo plural de zibaldoni, que, embora sejam de ficção, com personagens, monólogos ou diálogos, não possuem a configuração de uma fábula, argumento, mito ou história, e que foram produzidos com o objetivo principal de dar suporte à improvisação em cena.

Palavras Chaves: Ator. Commedia dell’Arte. Corpus. Dramaturgia. Zibaldoni.

Para se definir um corpus de referência para a dramaturgia do ator na Commedia dell’Arte, antes de tudo, devemos lembrar que ela é múltipla e variada. Os atores/autores de Commedia dell’Arte publicaram diversas formas de textos. O que podemos considerar dramaturgia, por conter personagem, fábula e ação, são os textos dramáticos e os roteiros (canovacci). Estes últimos configuram uma dramaturgia, porém sem as falas das personagens, somente com indicações das ações a serem cumpridas. Das outras formas de texto destacamos: poesias; orações fúnebres, odes e dedicatórias; biografias; cartas; tratados teatrais e em defesa da profissão; e os zibaldoni. Zibaldoni são textos que contêm monólogos ou diálogos escritos por atores a partir da sua experiência pessoal, criados, a primeira vista, para auxiliar na interpretação “improvisada” de outros atores, mas que não possuem necessariamente uma fábula, argumento, mito ou história.
Neste artigo apresentamos somente os textos dramáticos e os zibaldoni. Eles surgem em duas notas de rodapé ordenados por seus autores, e pelo ano da publicação. Indicamos o gênero teatral, a cidade e editora da primeira edição e das edições posteriores italianas. Quando a referência não possui editora registramos: sem indicação tipográfica; s.i.t..
Gostaria de apresentar alguns textos dramáticos escritos por atores[1]. O ato de escrever o texto completo foi uma tendência que se amplificou no decorrer das décadas na Commedia dell’Arte, e certamente foi essa uma das causas da sua dês-configuração e do seu desaparecimento.
Dentre os textos dramáticos destacarei alguns. Em 1583 Bernardino Lombardi, cômico Confidenti, escreveu O Alquimista, neste texto comparece somente uma máscara a do Doutor Graziano que fala bolonhês, talvez inaugure uma tradição dramática e espetacular de frenética troca de roupas e conseqüentemente de camas. Em 1584 Bartolomeu Rossi, também cômico Confidente, escreveu Fiammela uma pastoral em que as máscaras chegam à Arcádia transtornando o mundo das ninfas e pastores. Em 1588 Isabella Andreini publica Mirtilla uma fábula pastoral inspirada diretamente na Aminta de Torquato Tasso com trechos virtuosos de lamentações de amor. 1610 foi o ano de La Flaminia Schiava de Pier Maria Cecchini onde comparece uma única máscara, a de Frittellino, que cria uma série de “invenções” repetidamente desfeitas pela insegurança do enamorado. Sete anos após a morte de sua esposa Isabela, Francesco Andreini publica, em 1611, as pastorais A Enganada Proserpina e A Altivez de Narciso, ele já havia parado de fazer teatro e acompanhava o filho na companhia dos Fedeli. L’Inavvertito é uma comédia de Nicolò Barbieri, publicada em 1629, criada sob a inspiração direta de Flaminia Schiava de Cecchini; é o contraponto da inteligência do servo Scapino (máscara criada por Francesco Gabrielli) com a estupidez dos patrões que raciocinavam através da ciência inútil e da cultura acadêmica. L’Amico Tradito também de Cecchini, de 1633, discute o binário amor / amizade e possui falas nos dialetos: veneziano de Pantaleão, bolonhês de Graziano e o bergamês do Bagattino. Lucilla Costante (1632) de Silvio Fiorillo possui uma estrutura simples de cruzamentos amorosos, é entrecortada pelas “invenções” de Volpone com equívocos, confusões e bastonadas, termina com um duelo do Capitão com Putinella.
Sobre Giovan B. Andreini (nascido em 1577 ou 79 e morto em 1654) devemos tratar à parte porque ele possui 45 obras, sendo, ao menos, 17 textos dramáticos. Em Lo Schiavetto (1612) o personagem Nottola se finge príncipe com todos os mimos possíveis, até que Facetto interpreta três cenas. La Ferinda (1622) é uma comédia de máscaras em melodrama, protótipo de uma ópera buffa. Em Amor nello Specchio o autor retrata uma mulher narcisista que se apaixona pela imagem de outra mulher, o espetáculo teria sido sem máscaras. Em Le Due Comedie in Comedia (1623), Andreini se utiliza da duplicação das falas entre as cenas no palco e na vida, a representação de uma comédia serve a revelar um mistério do passado. Em Sultana Andreini descreve uma coreografia e a faz acompanhar de dois desenhos, em outro momento descreve as “ordens para interpretar”. Em Venetiana uma cena coral de festa carnavalesca é colocada em relevo. Em todas as peças de Andreini podemos observar uma função coral em sua dramaturgia, assim como o papel do diretor e um longo período de ensaios, estranho ao estereótipo da Commedia dell’Arte, feito somente ao improviso. Giovan se destaca por um teatro na época impossível, um teatro com muitos ensaios e direção, não feito como os cômicos dell’Arte faziam, com suas memórias e personagens, mas com projeto e devaneio. De fato ele nos deixa um tratado com mais de oito mil versos com mudanças de cena e maravilhas cenotécnicas Il nuovo Risarcito Convitato di Pietra in versi composto manuscrito conservado na Biblioteca Nacional Central de Florença e transcrito na monografia de Mariella Greci para a Universidade de Parma em 1969: Studi su G. B. Andreini.
Trataremos também da função dos zibaldoni[2]. Em 1588, Vincenzo Belando escreveu Lettere Facete e Ghiribizzose. O autor foi um homem de teatro, proveniente da Sicilia, que escreveu um texto com um emitente conhecido, mas com um destinatário mais imaginado que real. Eram cartas espirituosas e caprichosas permeadas por uma fala bufonada, mas também com orações no estilo humanista reunidas por um exercício retórico. Muitos foram os autores que publicaram cartas: Aretino, Ruzante, Maquiavel, Bembo, Caro, Giovio, Guarini, Parabosco, Bernardo e Torquato Tasso; Andrea Calmo (1547 a 1566) produziu quatro volumes contendo vários e engenhosos discursos filosóficos, em cartas endereçadas a diversas mulheres em diversas ocasiões para cortejar (FERRONE, 1997, p.18), eram obras autônomas em relação ao teatro, mas nem por isso deixavam de ser um reservatório de deixas e frases de efeito. No entanto, elas não poderiam ser consideradas ainda zibaldoni ou genéricos.
Cesare Rao, já em 1573, publicou L’argute e Facete Lettere na qual identificou emitente e destinatário com papéis teatrais (Lus Burchiella, Graziano, Stefanel Bottarga, um Pedante, Zan Ganassa, um estudante, um doutor, um bravo, um médico, e outros). Não é o genérico dos grandes atores, mas se apresenta como um retrospectivo e compêndio da arte do ator, destinada ao esquecimento, e pôde ser usado e avaliado por outros atores. Deste tipo temos ainda Reponse di gestes de Arlequin... de autor anônimo publicado em 1585 e Dialogo dei giuochi che nelle vegghie Senesi si usano fare de Bargagli publicado em 1572. Esta obras formam uma coleção de memória profissional, devidamente sublimada, mais do que uma antologia de invenções literárias.
Os zibaldoni registraram o que os atores já faziam com seus personagens, eles foram a privatização do que já era de consumo público.  Foi dito, em chave espetacular, que os atores medíocres escreveram as comédias por inteiro e os grandes atores comerciaram suas memórias exaltando um personagem além do espetáculo. Nestes textos raramente se encontra uma hierarquia interna, são compostos das lembranças de um repertório individual, sem a indexação por uma dramaturgia.
Com essas obras os autores/ atores conquistavam um sobrenome separado do nome de arte. Muitos destes textos são monocórdios e monótonos, mas os distinguiam dos bufões; mesmo sem possuir um atrativo dramático os textos declaravam uma genealogia teatral. Através de cada papel surge a síntese de uma carreira profissional e biográfica que denotava a complexidade da vida do ator, e com estes textos, provada através de uma tradição literária. Com essas obras se demonstrava a impossibilidade de tornar-se ator da noite para o dia, se estipulava um repertório a adquirir antes de alcançar a fama e o sucesso, se estabelecia que não existia o teatro antes dos atores, que não tinham textos antes do espetáculo, e que o balanço do sucesso se faz depois de uma vida teatral.
O resumo da carreira se tornou o traço original da dramaturgia dos atores profissionais. A transcrição dos comportamentos acumulados e sedimentados só era escrita depois de muitas apresentações, viagens e parcerias. Os zibaldoni testemunham que o teatro é anterior ao texto escrito, é a mais pura exposição cênica, o que não significa que sejam poéticos, aliás, é uma confissão da impotência dramatúrgica. 
Estes textos, classificados como Zibaldoni, foram direcionados a todos os leitores e na verdade nunca se propuseram como instrumentos de trabalho exclusivo para os atores. Como dito, eles reivindicam a própria dignidade literária. O que não significa que não tenham sido usados pelo atores como papéis genéricos. Nos Prólogos, de Domenico Bruni, no qual fala uma doméstica, este fato se faz claro:
De manhã a senhora me chama: - Olá, Ricciolina, me traga a namorada Fiammetta que quero estudar. Pantaleão me pergunta das cartas de Calmo. O Capitão As Bravuras do Capitão Espavento. O Zanni as astucias de Bertoldo, o Fugilozio e as Horas de Recreação. Graziano as sentenças do Naturista e a novíssima Poliantea. Franceschina quer a Celestina para aprender a fazer a alcoviteira. O namorado quer a obra de Platão e quase ao ponto de me pedirem tudo ao mesmo tempo[3] (BRUNI, 1621 apud TAVIANI, 1982, 422).
BIBLIOGRAFIA
FALAVOLTI, Laura. A Cura di:. Attore Alle Origini di un Mestiere. Roma: Edizioni Lavoro, 1988.
FERRONE, Siro. A cura de:. Commedia dell’Arte 1 e 2. Milano: U. Mursia editora, 1985.
                        La Commedia dell’Arte. Quaderns d’Italià 2, 1997. P. 9-20.
MOLINARI, Cesare. La Commedia dell’Arte. Milano: Arnoldo Mondadori Editori, 1985.
                        Attori-autori della Commedia dell’Arte. In: Quaderns d’Italià 2, 1997. P. 21-37.
TAVIANI, Ferdinando. Il Segreto della Commedia dell'Arte. In colaborazione con SCHINO, Mirella. Firenze: La Casa Usher, 1982. Ùltima edição: 2007.
TESTAVERDE, Anna Maria. I Canovacci della Comedia dell’Arte. Torino: Giulio Einaudi, 2007.


[1] Textos Dramáticos:
ACCADEMICO RINOVATO. [LOMBARDI, Bernardino?]. Fillide. Pastoral. Ferrara: V. Baldini, 1579.
ANDREINI, Francesco. L’ingannata Proserpina. Écloga pastoral. s.i.t. 1611.
                L’alterezza di Narciso. Écloga pastoral. s.i.t. 1611.
ANDREINI, Giovan Battista. La Florinda. Tragédia. Milão: G. Bordoni, 1606.
                La turca. Comédia. Casale Monferato: P. Goffi, 1611. (Veneza: P. Guerigli, 1620.)
                Lo Schiaveto. Comédia. Milão: P. Malatesta, 1612. (Veneza: G.B. Ciotti, 1620.)
                L’Adamo. Representação sacra. Milão: G. Bordoni, 1613. (Milão: G. Bordoni, 1617. Perugia: Bartoli, 1641.)
                La Maddalena. Representação sacra. Mântua: A. eL. Osanna, 1617. (Milão: G. B. e G.G. Malatesta, 1652.)
                La Veneziana. Comédia do Sior Cocalino de’ Cocalini (Pseudônimo). Veneza: A. Polo, 1619. (Veneza: F. Raimondi, 1619.)
                Il Mincio ubbidiente. Verona: F. Bertoni, 1620.
                Intermedio. Mântua: Fratelli Osanna, 1620.
                Lelio bandito. Tragicomédia pastoral. Milão: G.B. Bidelli, 1620. (Veneza: G.B. Combi, 1624.)
                La Campanaccia. Comédia. Sob pseudônimo: Giovanni Rivani. Paris: s.i.t., 1621. (Veneza: Salvadori, 1623 e 1627. Milão: Fontana, 1627.)
                Amor nello specchio. Comédia. Paris: N. Delavigne, 1622. (Roma: Bulzoni, 1997.)
                Li duo Leli smili. Comédia. Paris: N. Delavigne, 1622.
                La Centaura. Comédia pastoral e tragédia. Paris: N. Delavigne, 1622. (Veneza: Gh. e I. Imberti, 1625. Veneza: S. Sonzonio, 1633.)
                La Ferinda. Comédia. Paris: N. Delavigne, 1622.
                La sultana. Comédia. Paris: N. Delavigne, 1622.
                Le due comedie in comedia. Veneza: Gh. e I. Imberti, 1623.
                La Rosella. Tragicomédia pastoral. Bolonha: C. Ferroni, 1631.
                Li duo baci. Comédia pastoral. Bolonha: G. Monti e C. Zenero, 1634.
                La rosa. Comédia pastoral. Pavia: G.A. Magri, 1638.
                Ismenia. Ópera real e pastoral. Bolonha: N. Telbaldini, 1639.
ANDREINI, Isabele. Mirtilla. Pastoral. Verona: S. dalle Donne e C. Franceschini, 1588. (Ferrara: s.i.t., 1590. Verona: s.i.t., 1599. Veneza: Spineda, 1602. Milão: G. Bordone e P.M. Locarni, 1605. Veneza: D. Imberti, 1616).
ANTONAZZONI, Maria Antonia [Lavinia]. La pazzia di Arianna. Pastoral. Manuscrito em Milão: Biblioteca Braidense, Coleção Morbio (nº01).
BARBIERI, Nicolò. L’inavvertito. Veneza, 1629.
BELANDO, Vincenzo. Gli amorosi inganni. Comédia. Paris: D. Gilio, 1609.
CECCHINI, Pier Maria. La Flaminia schiava. Comédia. Milão: G. Bordone, 1610. (Veneza: G.A. Somasco, 1612. Veneza: P. Usso, 1629.)
                L’inavertito. Comédia. Turin: s.i.t., 1629. (Veneza: A. Salvadori, 1630)
                L’Amico tradito. Comédia. Veneza: G. Bona, 1633.
COSTA, Margherita. Flora feconda. Drama para música. Florença: Massi e Landi, 1640.
                I Buffoni. Comédia. Florença: Massi e Landi, 1641.
                Festa reale per balletto a cavallo. Paris: S. Cramoisy, 1647.
DE FORNARIS, Fabrizio [Capitan Coccodrillo]. Angelica. Comédia. Paris: A. L’Angelier, 1585. (Veneza: Bariletti, 1607).
FALAVOLTI, Laura. Comedie dei comici dell’Arte. Turin: Utet, 1982. (Lo Schiaveto de G.B. ANDREINI, L’inavvertito de N. BARBIERI, Il Finto Marito de F. SCALA, La Lucilla Costante de S. FIORILLO e L’amico tradito de P.M. CECCHINI.)
FERRONE, Siro. Org. Commedia dell’Arte 1 e 2. Milão: U. Mursia editora, 1985. (L’Alchimista de B. LOMBARDI, Gli amorosi inganni de V. BELANDO, Le due comedie in comedia de G.B. ANDREINI, L’inavvertito de N. BARBIERI, Li buffoni de M. COSTA.)
FIORILLO, Silvio. [Capitan Matamouros]. L’amor giusto. Pastoral. Nápoles: Stigliola, 1605. (Milão: Malatesta, 1605. Nápoles: Beltrano, 1625.) 
                La ghirlanda. Pastoral. Nápoles: T. Longo, 1609. (Veneza: Combi, 1624. Nápoles: Cavallo, 1652.)
                L’Ariodante tradito e morte di Polinesso da Rinaldo Paladino. Pavia: G.B. de’Rossi, 1629.
                Lucilla Costante con le ridicolose disfide e prodezze di Pulcinella. Comédia. Milão: G.B. Malatesta, 1632.
GABRIELLI, Giovanni. [Sivelo] Il Studio. Comédia. s.i.t. 1602.
                Maridazzo di Messer Zan Frognola con Madonna Gnignocola con Il suo baletto alla romana e altre bizarrie. Verona: s.i.t. 1618.
LOMBARDI, Bernardino. L’alchimista. Comédia.  Ferrara: V. Baldini, 1583. (Veneza: M. Sessa, 1586; Veneza: L. Pineda, 1602).
LOMBARDO, Giovan Donato. Il Fortunato amante. Comédia. Messina: Ruffalini, 1589.
MOLINARI, Cesare. Org. Un commediante e il suo mestiere. P.M. CECCHINI. Le commedie. Ferrara: Bovolenta, 1983.
ROSSI, Bartolomeo [Orazio]. La Fiammella. Pastoral. Paris: A. L’Angelier, 1584.
SACCO, Antonio. Il pastor fido ridicolo. Veneza, 1739.
SACCO, Gennaro. I comici in isconcerto. Varsovia, 1699.
SCALA, Flaminio. Org. Il Postumio. Lion: J. Roussin, 1601.
                Il Finto Marito. Comédia. Veneza: A. Baba, 1619. (Manuscrito 1618).
VALERINI, Adriano. Afrodite. Tragédia. Verona: Fratelli dalle Donne, 1578.

[2] Zibaldoni.
ANDREINI, Francesco. Le bravure del Capitano Spavento divise in molti ragionamenti in forma di dialogo. Vol. I, Veneza: G.A. Somasco, 1607. (Veneza: Somasco, 1609 e 1615.) Vol.II, Veneza: G.A. Somasco, 1618. Vol. I e II. Veneza: G.A. Somasco, 1624. (Veneza: Barboni, 1669. TESARI, Roberto. Org. Pisa: Giardini, 1987.)
                Ragionamenti fantastici posti in forma di dialogo rappresentative. Veneza: G.A. Somasco, 1612.
ANDREINI, Giovan Battista. Prologo in dialogo fra Momo e la Verità. Ferrara: V. Baldini, 1612.
                L’inchino per la novella servitù della nuova compagnia dei comici. Prólogo em versos. Paris: s.i.t. 1624.
ANDREINI, Isabele. Org. ANDREINI, Francesco. Lettere. Veneza: Zaltieri, 1607. (Veneza: Combi, 1610, 1612, 1617, 1620, 1624, 1625, 1627, 1634, 1638. Turim: Cavalleri, 1620. Turim: Tarino, 1621. Veneza: P. Guerigli, 1647.)
                Fragmenti d’alcune scritture... raccolte da Francesco Andreini. Veneza: Combi, 1621. (Veneza: Combi, 1625 e 47)
[ANÔNIMO] Reponse di gestes de Arlequin au poète fils de Madame Cardine, en langue Arlequine, en façon de prologue, par luy mesme, de sa descente aux Enfer et du retour d’iciluy. Paris: Pour Monsieur Arlequin, 1585.
[ANÔNIMO] Dialogo amoroso di Fedele Comico. Manuscrito V,2,5 na Biblioteca Estense de Módena, [1598].
BARGAGLI, G. Dialogo dei giuochi che nelle vegghie Senesi si usano fare. Siena, 1572.
BEIJER. Recueil de plusieurs fragments des premiers Comédies Italiennes qui ont été représentées em France sous le règne de Henry IV. Recueil dit de Fossard, conserve au Musée National de Stockholm, presente par Agne Beijir, suivi des Compositions de Rhétorique de M. Don Arlequin, presentes par P.L. Duchartre. Paris 1928. Re-edição: Paris, Libraire Théâtrale, 1981.
BELANDO, Vincenzo. Lettere, facete e ghiribizzose. Paris: A. L’Angelier, 1588.
BRUNI, Domenico [Fulvio]. Prologhi. Manuscrito na Biblioteca Braidense de Milão. Turim: s.i.t., 1621. (Paris: N. Callemont, 1623.)
                Fatiche comiche. Paris: N. Callemont, 1623.
                Dialoghi scenici di Domenico Bruni detto Fulvio, Comico Confidenti, fatti da lui in diverse occasione ad istanza delle sue compagne Flaminia, Delia, Valeria, Lavinia e Celia. Cópia do manuscrito original na Biblioteca Teatral do Burcardo, Roma: s.d..
CANTÚ, CARLO. Cicalamento in canzonette ridicolose, ovvero tratato di matrimonio tra buffetto, e colombina comici. Florença: Massi, 1646.
CECCHINI, Pier Maria. Lettere facete e morali. Nápoles: Roncagliolo, 1616 ou 18. (Veneza: Pinelli, 1622).
COSTA, Margherita. Lettere Amorose. Veneza : Turani, 1639.
COTOLENDI, Charles. Arlequiniana, ou les bons mots, les histoires plaisantes et agréables. Recueillies des conversations d’Arlequin. Paris, 1694.
DE’ BIANCHI, Ludovico. Le cento e quindici conclusioni in ottava rima del plusquamperfecto Duttor Gratiano Partesana da Francolino comico Geloso. Firenze: Alle Scalee di Badia, 1587.
FABRI, Giovan Paolo [Flaminio]. Quattro capitoli alla carlona. Trento: G.B. Gelmini, 1608.
                Due suppliche e due ringraziamenti alla bernesca. Trento: G.B. Gelmini, 1608.
FIORILLO, Silvio. Li tre Capitani Vanagloriosi. Nápoles: D.F. Maccarano, 1621.
GHERARDI, Evaristo. Le théâtre Italien de Gherardi, ou recueil general de toutes les comédies et Scènes françoises jouées par les Comédiens  italiens du roi pendant tout le temps qu’ils ont été au service. Paris: Cusson et Witte, 1700, 1717, 1738 e 1741. Amsterdam: 1701, 1707 e 1721.
GABRIELLI, Giovanni. [Sivelo] Testamento in forma di lettera. s.i.t. 1603.
LOMBARDO, Giovan Donato. Nuovo prato di Prologhi. Veneza: A. Baba, 1618. (Veneza: s.i.t. 1628.)
MARTINELLI, Tristano [Arlequim]. Compositions de rhétorique. Imprimé de là le bout du monde. 1601.
OJEDA, Maria del Valle. Stefano Bottarga e Zan Ganassa. Scenari e zibaldoni di Comici dell’Arte nella Spagna del Cinquecento. Na coleção: La Commedia dell’Arte. Storia, testi, documenti. Org. MAROTTI, Ferrucci. Roma: Ed. Bulzoni. (Ainda não publicada até 2007).
PARFAICT, François et Claude. Histoire de l’ancien théâtre italien depuis son origine en France jusqu’à as suppression em l’année 1697, suivie des extraits ou canevas des meilleures pièces italiennes qui n’ont jamais été imprimés. Paris, 1753.
PERRUCCI, Andrea. Dell’Arte rappresentativa premeditata e all’improvviso. Parti due. Giovevole non solo a chi si diletta di rappresentare, ma a’ predicatori, oratori, accademici e curiosi. Nápoles: Mutio, 1699.
RAO, Cesare. L’argute e facete lettere. Pavia, G. Bartoli, 1573; outras ed.: 1576, 1584, 1598, 1601, 1610, 1622.
SOLDANO, Aniello [Spaccastrummolo]. Fantastiche e ridicolose etimologie recitate in commedie...  Bolonha: V. Benacci, 1610.

[3] La mattina la signora mi chiama: - Olà, Ricciolina, portami la inamorata Fiammetta che voglio studiare. Pantalone mi domanda le Lettere del Calmo. Il Capitano Le Bravure del Capitano Spavento. Il Zanni le astuzie di Bertoldo, il Fugilozio e l’Ore di Ricreazione. Graziano le sentenze dell’Erborense e la novissima Poliantea. Franceschina vuole la Celestina per imparare di far la ruffiana. L’innamorato vuol l’opera di Platone e quasi in un punto chi mi comanda una cosa, chi un’altra.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

já era hora!!

Hoje, 22 de novembro de 2010, começo um blog. Será que isto já está ultrapassado? Dois dias depois de meu filho Airi completar um ano começo a escrever algo que imagino ser um diário virtual. Assim, quem sabe, quando ele tiver uns 10 anos possa ler isso aqui e conhecer mais um pouco do pai. Talvez seja algo mais, mas não me aventuro a imaginar ainda outras utilidades para esse blog.

Porque Artopa? São as iniciais de Associação Cultural Arte em Todas as Partes. Associação ainda aberta juridicamente, mas pronta a ser encerrada a qualquer momento, assim que tiver verbas para fechá-la. Porque revivê-la então? Porque na verdade nunca morreu, a casa continua lá! O Morro das Artes. Uma casa, quase um castelo, em cima de um morro, no bairro do Cassange. Perto da estrada do Cia, km 2. Hoje quem mora lá é o Paulo Henrique o P.H. http://morrodasartes.blogspot.com é o link deste blog.

I Encontro de Performáticos e Malabaristas, fevereiro de 2004

Eu e meu filho, outubro de 2010