segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Falsa Defunta

A FALSA DEFUNTA
Adaptação de Marcus Villa Góis da tradução de Roberta Barni do original de Flaminio Scala em Il Teatro delle favole rappresentative... Ed. Iluminuras, São Paulo, 2003. 1ª Ed.: Pulciani, Veneza, 1611. Falas de Pantaleão: Daniela Onnis.

Personagens

Pantaleão, velho – Ator 1
Flamínia, sua filha dada por morta – Ator 2
Arlequim, criado – Ator 3
Graciano, Doutor – Ator 4
Isabela, sua filha – Ator 5
Francisquinha, criada do Doutor – Ator 2
Horácio, filho do Doutor – Ator 6
Colombina, criado do Doutor – Ator 1
Flávio – Ator 7
Ambulante – Ator 5


COISAS: Tabuleiro com poções. Corda comprida. Camisola de Flamínia. Capa de Horácio. Uma vela. Dois candeeiros.

Argumento
                Morava em Bolonha um fidalgo de boa família, ornado em hábitos virtuosos, que tinha uma filha. Desejando uni-la em feliz laço nupcial, deliberou consigo casá-la em outro lugar, com pessoa que, nos negócios do mercadejar, era seu semelhante.
                A jovem ardia de profundo amor por um jovem de sua mesma pátria, chamado Horácio, o qual, além de lhe equivaler em riqueza e nobreza, com insubstituível amor anelava ter a jovem como esposa. Vendo seu desejo ser obstado apenas pela vontade do pai, de combinação com a jovem administra-lhe um sonífero. Com isto a jovem foi dada por morta e sepultada, como na trama do argumento se compreenderá.

Cidade. Noite.

CENA 1: AMBULANTE
Ambulante vendendo poção que tudo cura; mas quando misturada com álcool, faz dormir profundamente.

CENA 2: ARLEQUIM, GRACIANO, PANTALEÃO, FRANCISQUINHA, FLÁVIO, ISABELA e HORÁCIO.
Entra cortejo fúnebre com todos.

CENA 3: HORÁCIO, FLÁVIO.
Flávio descreve sua dor pela amiga Flamínia. Horácio se compadece pelo estado de Flavio. Flávio consternado sai para casa de Pantaleão para comer algo do velório. Horácio descreve seu amor por Flamínia e explica que ela finge estar morta por que seu pai não permitiu o casamento.

CENA 4: PANTALEÃO, GRACIANO, ARLEQUIM, ISABELA, FRANCISQUINHA, HORÁCIO e FLÁVIO.
Graciano apresenta seus sentimentos a Pantaleão. Todos apresentam seus sentimentos em fila e saem pra casa de Graciano. Pantaleão recebe os pêsames de todos e entra em casa. Horácio observa e depois lamenta a dor de Pantaleão. Quando está só lamenta a sua própria dor, e lamenta pela confusão que causou.

CENA 5: COLOMBINA e HORÁCIO.
Colombina diz que está tudo pronto e pergunta o que fazer com Flamínia. Horácio dá uma capa a Colombina para cobrir Flamínia e diz que a leve para sua casa, pois ela está de camisola. Colombina mostra os utensílios para puxar Flamínia e sai.

CENA 6: ISABELA, FRANCISQUINHA, FLÁVIO e HORÁCIO
Isabela sai da casa de Pantaleão acompanhada por Francisquinha. Francisquinha manda Isabela levar a vela, pois é noite e não tem candeeiro. Horácio chama Flávio e pede a ele que leve Isabela até a casa dela. Flávio reclama que não tem nada pra comer. Francisquinha volta pra casa. Horácio sai pela rua. Flávio leva Isabela. Isabela chora. Flávio consola-a e diz que também está triste por Flamínia; Isabela revela seu amor por Flávio e chora mais. Flávio diz que também a ama e marca um encontro, no mesmo local, para mais tarde. Isabela aceita e bate na porta.

CENA 7: GRACIANO, FLÁVIO e ISABELA.
Graciano aparece e agradece a Flávio. Flávio retribui agradecimento e sai. Graciano pergunta a Isabela quem teria dado a ela aquela vela. Isabela responde: “Francisquinha”. Graciano lamenta a dor e a avareza de Pantaleão e entra com a filha.

CENA 8: FLAMÍNIA e PANTALEÃO.
Flamínia aparece de camisola, sem a capa, fugindo, pedindo socorro ao pai. Pantaleão, com candeeiro, fala: “É a voz da filha adorada/ Que ouço me chamar?/ Só pode ser alma penada!/ Vou já pra casa rezar!”. Flamínia desesperada sai correndo.

CENA 9: ARLEQUIM.
Arlequim, com medo, explica que encontrou a sepultura aberta, utensílios e uma  capa, fala de como o patrão é sovina e mandou enterrar a filha sem roupa adequada e de noite, se alegra pela capa e veste, deixando sua camisa no chão.

CENA 10: COLOMBINA e HORÁCIO.
Colombina explica o que aconteceu no cemitério (enquanto ela puxava Flamínia, a Polícia chegou). Horácio ouve, pergunta da capa. Colombina responde que deve estar com ela. Horácio manda Colombina procurar Flamínia. Colombina sai par procurar perto do cemitério. Horácio procura por ali.

CENA 11: ARLEQUIM e HORÁCIO.
Arlequim aparece com a capa. Horácio vê e reconhece sua capa e conclui que por baixo só pode estar Flamínia, seu amor. Arlequim pergunta quem está ai?  Horácio responde: “Eu meu amor!”. Arlequim se sente amado, quer aproveitar a oportunidade e agarra-o. Horácio estranha e pergunta da capa. Arlequim responde que encontrou a capa ao lado do túmulo. Horácio foge com medo do maluco.

CENA 12: ISABELA e ARLEQUIM.
Isabela entra aflita procurando Flávio e diz que ele já está atrasado. Vê Arlequim com a capa do seu irmão, e acreditando ser Horácio o chama. Arlequim: sem entender, sai.

CENA 13: FLÁVIO e ISABELA.
Flávio chega com um candeeiro  . Isabela fala de amor a ele. Cena de amor. Flávio diz que a protegerá e a leva para casa. Ela entra em casa com Flávio.  Ele se alegra.

CENA 14: FLAMÍNIA.
Flamínia, ainda de camisola, seduzindo o público, fala do medo de estar sozinha à noite; vê um candeeiro chegando e, com medo, veste a roupa de Arlequim deixando a sua no chão. Sai.

CENA 15: COLOMBINA.
Colombina, com um candeeiro, diz que não encontrou Flamínia e veste as roupas dela que achou e sai.

CENA 16: FLAMÍNIA e ISABELA.
Flamínia volta pra apanhar sua roupa que aquela é de um criado, e está suja e fedorenta. Não acha sua roupa. Desesperada diz que se fingiu de morta pela proibição de Pantaleão e pelo amor de Horácio, mas que agora não sabe o que fazer, e que então baterá na casa de Graciano e procurará por Isabela para lhe emprestar uma roupa. Grita: “Isabela!”. Isabela, de dentro responde: “Quem me chama?”. “Sou eu Flamínia”. Isabela, gritando, “O fantasma de Flamínia está aqui!”. Foge para dentro de casa.

CENA 17: FLAMÍNIA e ARLEQUIM.
Flamínia, desesperada, porque o dia já vai nascer. Arlequim entra de costas com a capa de Horácio. Flamínia lhe diz palavras amorosas, pensando tratar-se do Horácio. Arlequim, reconhecendo suas roupas e o fantasma, bate na casa de Pantaleão. Flamínia, assustada por não ser o seu amor, foge.

CENA 18: PANTALEÃO e ARLEQUIM.
Pantaleão, de camisolão, vêm para fora. Arlequim diz que o fantasma de Flamínia continua vagando pela cidade. Pantaleão ri dele e diz: “Arlequim, servo maldito/Dessas histórias não quero saber/Em fantasmas, não acredito/Vais apanhar para aprender!”. Sai de cena batendo em Arlequim.

CENA 19: FLAMÍNIA, COLOMBINA, ARLEQUIM, PANTALEÃO, GRACIANO, ISABELA, HORÁCIO. FLÁVIO.
Flamínia lamenta a confusão por sua causa. Colombina, chega, olham-se e reconhecem-se. Flamínia diz que precisa entrar na casa de Graciano, pra pegar uma roupa com Isabela e se encontrar com Horácio. Colombina abre a porta da casa de Graciano com ferramentas e entra. Flamínia, feliz, entra na casa de Graciano.

CENA 20: ARLEQUIM, GRACIANO, ISABELA, FLÁVIO e PANTALEÃO.
Todos: pelo outro lado, saem da casa de Graciano, um a um, com medo, fugindo do fantasma e tremendo. Pantaleão, ouvindo a confusão, vai para fora, e pergunta o que está acontecendo. Todos respondem com medo do fantasma.

CENA 21:HORÁCIO, FLAMÍNIA, ARLEQUIM, GRACIANO, ISABELA, FLÁVIO e PANTALEÃO.
Horácio sai da casa junto com Flamínia e explica a situação e pede a mão ao pai dela. Pantaleão consente no casamento.

CENA 22:HORÁCIO, FLAMÍNIA, ARLEQUIM, GRACIANO, ISABELA, FLÁVIO e PANTALEÃO.
Saem todos em marcha nupcial.

Cenas a serem ensaiadas:
Vendedor de ervas milagrosas. Cortejo fúnebre. Descrevendo dor. Descrevendo seu amor. Casamento.