segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Mensageiro

O MENSAGEIRO
Adaptação de Marcus Villa Góis da tradução de Roberta Barni do original de Flaminio Scala em Il teatro delle favole rappresentative... Ed. Iluminuras, São Paulo, 2003. 1ª Ed.: Pulciani, Veneza, 1611.



Personagens


Pantaleão depois Stefanello, ator 1.
Isabela, filha depois Hortência, ator 5.
Arlequim, criado, ator 3.
Buratino, ator 6.
Francisquinha, ator 2.
Flamínia, filha, ator 2.
Capitão Espavento, ator 7.
Horácio, depois Flamínio, ator 6.
Gracindo companheiro, ator 4.
Taberneiro, ator 3.
Mensageiro, ator 4.



Coisas: Tabuleta de Taberna. Paus para dar Paulada. Um cesto contendo muitas cartas. Dois Floretes. Um violão pra Gracindo.

Argumento
                Vivia em Veneza um mercador, denominado Stefanello dos Humildes, que tinha uma filha extremamente bela e dotada de virtuosos hábitos, a qual se chamava Hortência, e por correspondência, ele tratava de casar em Gênova, com um jovem de honrada família, chamado Flamínio.
                Deu-se que um fidalgo veneziano enamorou-se da jovem e, querendo raptá-la ao pai, acabou sendo ferido e morto pelo referido Stefanello, com a ajuda de alguns capangas. Stefanello fugiu para Bolonha sob o nome de Pantaleão, mas não considerando ali seguro, acabou, muito tempo depois, se mudando para Roma.
                Naquele ínterim o jovem Flamínio, que com aquele casamento também não concordava, fugiu do seu pai e, sob falso nome de Horácio, alcançou Bolonha, e ali, não reconhecendo a ex-futura mulher (que sob o nome de Isabela vivia), por ela inflamou-se altivamente. Seguiu-a então a Roma, e após muitos, atormentados acontecimentos, fez-se conhecer por Flamínio, e, correndo assim maior perigo de perdê-la, conseguiu tê-la por esposa.

Cidade

CENA 1: MENSAGEIRO
Mensageiro, com cesto de cartas, bate à casa de Pantaleão; nisto

CENA 2: PANTALEÃO e MENSAGEIRO
Pantaleão, à janela penteando-se, responde dizendo que vai mandar alguém para as cartas, e retira-se. Mensageiro bate à casa de Balela.

CENA 3: FRANCISQUINHA e MENSAGEIRO
Francisquinha, à janela dizendo: “Estou indo”; nisto

CENA 4: ARLEQUIM, FRANCISQUINHA e MENSAGEIRO
Arlequim pega a carta do patrão, perguntando se há alguma para si; nisto. Francisquinha pega as cartas de Balela, já que seu marido não se encontra. Mensageiro sai. Eles brincam amorosamente um com o outro, depois Francisquinha pergunta-lhe se tem notícias de Buratino. Arlequim: que desde que partiram de Bolonha nunca mais tiveram notícias, e fica com ciúmes de Buratino; nisto

CENA 5: GRACINDO, HORÁCIO, ARLEQUIM e FRANCISQUINHA
Gracindo persuade Horácio a não querer desistir do amor de Isabela e nem sair de Roma. Horácio que é obrigado a ir-se embora, por ter percebido que Isabela ama outra pessoa; e que isto lhe acontece por ter sido desobediente ao seu pai e não ter querido ficar com a pessoa que ele lhe dera em Veneza, e que enfim, está resolvido a voltar para Bolonha. Francisquinha e Arlequim, que ficaram apartados, entram em casa. Eles continuam a conversa começada, Horácio narra que seu pai de Gênova o queria casar com uma certa Hortência de Veneza, mas ele fugiu para Bolonha onde conheceu e se apaixonou pela traidora Isabela que veio para Roma com algum outro amor; nisto

CENA 6: ISABELA, GRACINDO e HORÁCIO
Isabela, à janela, diz que ouviu de Arlequim que Horácio está em Roma, e na rua; nisto

CENA 7: FLAMÍNIA, ISABELA, GRACINDO e HORÁCIO
Flamínia, à janela, diz que ouviu de sua mãe Francisquinha que Gracindo está na rua; as mulheres vêem-se, cumprimentam-se; Horácio, ao ver Isabela, quer ir-se embora; Gracindo o detém. Isabela fala docemente com ele. Horácio chama-a de traidora. Isabela chama por testemunhas de seu amor Gracindo e Flamínia, os quais dão fé da verdade. Horácio, fora de si e completamente apaixonado, vai-se embora calando. Gracindo segue-o. Isabela, entrando, diz: “Maldito seja o dia em que parti da minha terra”. E Flamínia: “Maldito seja o dia em que parti de Bolonha e vi Gracindo”; entra. 

CENA 8: BURATINO
Buratino, com capa de viagem e cesto com cartas, chegando de Veneza, procura pela Taberna do Urso, para depois descobrir onde o patrão está morando; nisto

CENA 9: CAPITÃO e BURATINO
Capitão que a janta na taberna do Urso foi péssima; Buratino pergunta onde é a taberna. Capitão responde, se apresentam, Buratino diz ter uma carta dele; lê muitas cartas, e entre elas as de Pantaleão dizendo: “Estas são do meu patrão, Pantaleão”. Capitão percebe aquelas palavras, recebe a sua carta, depois chama o taberneiro.

CENA 10: TABERNEIRO, CAPITÃO e BURATINO
Taberneiro vem fora; Capitão recomenda-lhe Buratino. Taberneiro leva-o para dentro da taberna. Capitão lê a sua carta do jeito dele (em espanhol, elogiando a si próprio), depois entra na taberna.

CENA 11: PANTALEÃO e FRANCISQUINHA
Pantaleão, de casa, com a carta, bate à casa de Balela. Francisquinha sai e diz a Pantaleão que Balela está viajando. Pantaleão pede para deixar um recado: diz que tem boas notícias de Veneza. Francisquinha pergunta por Buratino, que em Bolonha ele tinha mandado para Veneza saber da situação dele com a justiça. Pantaleão responde que Buratino mandou uma carta avisando que está chegando à Roma com boas noticias, mas que a situação em Veneza está preta. Ela diz que compreendeu o recado e entra. Ele volta preocupado para sua casa.

CENA 12: CAPITÃO
Capitão diz que embebedou Buratino, que lhe tirou as cartas de Pantaleão e que tem de colocar no lugar antes que ele acorde; abre-as, e ao lê-las descobre que Pantaleão se chama Stefanello, e sua filha Isabela chama-se Hortência; vê o nome dos inimigos de Pantaleão; e faz sobre isso muitos planos; nisto.

CENA 13: ARLEQUIM e CAPITÃO
Arlequim chega perguntando quem falou de Pantaleão, seu patrão; capitão observa-o, e esclarece-se que tudo o que leu na carta de Pantaleão é verdade; dá dinheiro a Arlequim para que o ajude em seu amor com a sua patroa Hortência. Arlequim: que não adiantará nada, por ela estar apaixonada por um estudante que a seguiu de Bolonha até Roma, mas que procurará ajudá-lo; sai. Capitão ouve pessoas se aproximando e decide se esconder para ouvir, se esconde; nisto

CENA 14: HORÁCIO e GRACINDO
Horácio diz querer partir de Roma. Gracindo pergunta a Horácio o motivo que o leva a duvidar do amor de Isabela. Horácio: desconfia que ela esteja apaixonada pelo Capitão. Gracindo roga-lhe que não parta de Roma, até ele conseguir a verdade sobre este assunto; Horácio promete, e sai. Gracindo faz sinais embaixo da janela.

CENA 15: ISABELA e GRACINDO
Isabela à janela, diz a Gracindo que, por amor a ele, Flamínia está desesperada; nisto

CENA 16: FLAMÍNIA
Flamínia fora; Isabela retira-se um instante. Gracindo pergunta a Flamínia se Isabela ama o Capitão; nisto

CENA 17: ISABELA, GRACINDO, FLAMÍNIA e CAPITÃO
Isabela diz que ouviu tudo pela janela, diz a Gracindo que ele tem pouca confiança nela, acreditando que poderia deixar de amar o seu Horácio, por aquele Capitão fanfarrão. Capitão mostra-se; mulheres retiram-se. Gracindo conta ao Capitão da desconfiança de Horácio. O Capitão diz que não ama nenhuma daquelas mulheres, e que está apaixonado por uma fidalga veneziana, e que sobre isso poderá dar a sua fé a Horácio. Gracindo contente vai-se. Capitão diz que já pensou no que deve fazer; entra na taberna.

CENA 18: GRACINDO e HORÁCIO
Gracindo conta a Horácio tudo o que se passou com Flamínia, com Isabela e com o Capitão. Fazem sinal debaixo das janelas das amadas.

CENA 19: ISABELA, GRACINDO e HORÁCIO
Isabela à janela, faz cena galante com Horácio; Gracindo toca; nisto

CENA 20: FLAMÍNIA, ISABELA, GRACINDO e HORÁCIO
Flamínia à janela, alegra-se pela reconciliação dos dois. Isabela diz a Horácio que tem de lhe revelar um segredo de seu pai e dela própria, em sinal do amor que tem por ele; nisto

CENA 21: CAPITÃO, GRACINDO e HORÁCIO
Capitão, depois de ter cumprimentado todos os presentes, diz que quer ser intermediário de seus amores, para que fiquem contentes; e aquilo pela amizade que tem com os pais deles. Mulheres, alegres, cumprimentam o Capitão e retiram-se, os amantes ficam; o Capitão diz que ele  também está apaixonado, como é de conhecimento geral, em Veneza. Capitão revela o seu amor e a sua amada Hortência; Horácio espanta-se e narra a sua história (que na verdade chama-se Flamínio, de Gênova, e seu pai o havia prometido a esta mesma mulher, mas ele não quis e fugiu para Bolonha); Horácio promete-lhe ajuda em seu amor, e lhe dá a sua fé. Nisto vêem os velhos vindo. Capitão manda embora os jovens, e ele fica; nisto

CENA 22: PANTALEÃO, FRANCISQUINHA e CAPITÃO
Pantaleão e Francisquinha chegam. Capitão pede a Francisquinha sua filha Flamínia em casamento, em nome de um cavalheiro genovês. Pantaleão exorta-a a concedê-la, dizendo que irão em comitiva, pois ele também irá casar a sua filha com um cavalheiro genovês. Combinam; Francisquinha sai. Capitão diz a Pantaleão que ele se chama Stefanello e sua filha Hortência, e que tinha sido comissionado por seus inimigos para matá-lo, mas que o amor que ele tem por sua filha o deteve, e a pede em casamento. Pantaleão promete. Capitão sai. Pantaleão fica; nisto

CENA 23: BURATINO
Buratino sai da taberna e vê o patrão lamentando-se, abraça-o. Pantaleão, de tanta alegria, chama Isabela e Arlequim.

CENA 24: ISABELA, ARLEQUIM, BURATINO e PANTALEÃO
Isabela e Arlequim afagam Buratino, que diz ser portador de boas novas. Pantaleão e Buratino entram em casa, Isabela diz que tem um assunto para tratar com Arlequim e que logo entrarão também.

CENA 25: ISABELA e ARLEQUIM
Isabela diz a Arlequim que desconfia que seu pai quer dá-la em casamento ao Capitão, e que Horácio ficou com Flamínia, mas que não acredita em nada daquilo; manda-o procurar Horácio, a fim que ele lhe conte tudo. Arlequim sai; nisto

CENA 26: FLAMÍNIA e ISABELA
Flamínia diz a Isabela que um cavaleiro genovês mandou pedi-la em casamento à sua mãe, e que ela a prometeu; Isabela, magoada, chama-o de traidor, e entra chorando.

CENA 27: GRACINDO e FLAMÍNIA
Gracindo entra para cantar o seu amor, mas é interrompido e fica sabendo por Flamínia que Horácio a pediu em casamento à mãe; nisto

CENA 28: ARLEQUIM, GRACINDO e FLAMÍNIA
Arlequim chega e confirma que Flamínia foi pedida em casamento por um genovês. Flamínia, chorando, entra em casa; Gracindo, desesperado, sai. Arlequim fica; nisto

CENA 29: CAPITÃO, HORÁCIO e ARLEQUIM
Horácio entra para cortejar Isabela, Arlequim o vê e tenta lhe perguntar se o genovês que pediu Flamínia em casamento é ele. O Capitão interrompe a pergunta de Arlequim a todo momento perguntando a Arlequim por Pantaleão, mas Arlequim está tentando falar com Horácio; nisto

CENA 30: PANTALEÃO, CAPITÃO, HORÁCIO e ARLEQUIM
Pantaleão entra, todos se calam. Pantaleão vendo o Capitão diz que tudo (sobre os inimigos) o que ele disse é verdade, pois recebeu umas cartas de Veneza, dizendo a mesma coisa. Capitão diz a Pantaleão que ele pode confiar abertamente em Horácio; depois pergunta a Horácio se ele está pronto a lhe dar aquela ajuda em seu amor, que ele prometeu. Horácio: que está mais do que pronto. Capitão faz com que Pantaleão revele quem ele e sua filha, pela qual o Capitão está apaixonado, na verdade são. Pantaleão se revela Stefanello e diz possuir uma filha chamada Hortência. Capitão pede que Horácio interceda junto ao pai para que ele a conceda em casamento. Horácio roga Pantaleão que conceda-a ao Capitão. Pantaleão concorda. Pantaleão e Capitão vão embora juntos. Horácio fala a Arlequim que finalmente conheceu o pai de Hortência a quem ele estava prometido. Arlequim fala que Hortência e Isabela são a mesma pessoa e que Pantaleão é o pai de Isabela. Horácio aflige-se de sua má sorte com Arlequim, que lhe diz que não é preciso lamuriar-se, já que ele ficou com Flamínia. Horácio: que não é verdade; nisto

CENA 31: ISABELA, HORÁCIO e ARLEQUIM
Isabela chama Horácio de traidor. Ele nega; nisto

CENA 32: FLAMÍNIA, ISABELA, HORÁCIO e ARLEQUIM
Flamínia entra, vê os dois, e confirma que sua mãe a deu a um cavalheiro genovês. Ele se desculpa, dizendo que foi traído pelo Capitão, e que Isabela não tinha de ser dele, desde que lhe fora prometida em Gênova, sob o nome de Hortência, e ele não a merecia, revelando ser Flamínio de’ Franchi, genovês. Isabela, ouvindo aquele nome, desmaia nos braços de Arlequim, e levam-na para casa com Flamínia.

CENA 33: BURATINO e ARLEQUIM
Buratino diz que aquele Capitão brincou com ele pois suas cartas estavam sem o lacre; nisto, Arlequim volta, e Buratino lhe conta que conheceu o Capitão, que ficou bêbado e que no dia seguinte suas cartas estavam sem lacre; imaginando a falcatrua das cartas, que o Capitão fez; nisto

CENA 34: CAPITÃO, BURATINO e ARLEQUIM
Capitão alegre que por ser muito esperto irá se casar; Arlequim manda Buratino ficar apartado, depois, com destreza, pergunta-lhe se ainda está alojado na Taberna do Urso, e se conhece um certo Buratino. Capitão: que não o conhece. Buratino revela-se ao Capitão, que nega conhecê-lo; se pegam com palavras, criados dão-lhe pauladas, ele lança mão da espada; Buratino foge. Nisto

CENA 35: GRACINDO, HORÁCIO, CAPITÃO e ARLEQUIM
Gracindo e Horácio chegam duelando àquela balbúrdia.

CENA 36: PANTALEÃO, FRANCISQUINHA, GRACINDO, HORÁCIO, CAPITÃO e ARLEQUIM
Chegam para se porem no meio; tranqüilizam, depois Horácio chama o Capitão como testemunha de que ele não pediu Flamínia em casamento, de modo algum. Capitão faz os dois se apaziguarem, depois Horácio, põe-se de joelhos diante do Capitão, dizendo que, já que lhe tirou sua mulher (sem a qual não pode viver), que lhe tire a vida também. Capitão concorda, mas que antes quer se casar com Isabela em sua presença; diz a Pantaleão que a chame. Arlequim chama-a.

CENA 37: ISABELA, PANTALEÃO, FRANCISQUINHA, GRACINDO, HORÁCIO, CAPITÃO e ARLEQUIM
Isabela surge; Capitão casa-se com ela dizendo: “eu me caso com Hortência, e como minha mulher entrego-a a ti Flamínio genovês”. Pantaleão espanta-se, mas concede o casamento. Horácio agradece; Gracindo quer casar-se com Flamínia; Francisquinha concede, retira a máscara e casam-se; Capitão mostra uma carta, e diz que ele havia visto o nome dos inimigos e a asneira de Buratino que não observou o pedaço da carta que ele retirou na qual dizia que os inimigos tinham perdoado Stefanello já que o jovem veneziano que tentou seqüestrar Hortência sobreviveu. Felicidade geral.

Final da comédia.

Cenas a serem ensaiadas
·         Buratino diz ter uma carta dele; lê muitas cartas, e entre elas as de Pantaleão dizendo: “Estas são do meu patrão, Pantaleão”.
·         Capitão lê a sua carta do jeito dele (em espanhol, elogiando a si próprio).
·         Capitão vê o nome dos inimigos de Pantaleão; e faz sobre isso muitos planos.
·         Gracindo toca na cena galante de Isabela e Horácio.
·         Pantaleão e Francisquinha combinam a comitiva do casamento em Gênova.
·         Capitão ter sido comissionado por seus inimigos para matar Pantaleão.
·         Horácio entra para cortejar Isabela, Arlequim o vê e tenta lhe perguntar se o genovês que pediu Flamínia em casamento é ele. O Capitão interrompe a pergunta de Arlequim a todo momento perguntando a Arlequim por Pantaleão, mas Arlequim está tentando falar com Horácio.
·         Arlequim e Buratino dão-lhe pauladas, Capitão lança mão da espada.
·         Gracindo e Horácio chegam duelando.
·         Capitão casa-se com Hortência
·         Gracindo casa-se com Flamínia;

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Dama Demônio

A DAMA DEMÔNIO. 
Tradução, adaptação e argumento: Marcus Villa Góis. Manuscrito original conservado na Biblioteca Vaticana Roma, Codice Vaticano Latino 10244. Publicado por: TESTAVERDE, Anna Maria. I Canovacci della Comedia dell’Arte. Torino: Giulio Einaudi, 2007.
Personagens
Pantaleão, pai de – Ator 1.
Isabela e – Ator 5.
Horácio. – Ator 6.
Francisquinha, serva – Ator 2.
Cola, servo – Ator 4.
Graciano, pai de – Ator 4.
Flamínia. – Ator 2.
Flávio. – Ator 7.
Arlequim, seu servo. – Ator 3.
Carregador –  Ator 6

Coisas:
Dois candeeiros. Quatro cartas. Dois xales brancos (que cobrem a cabeça). Bandeja com refrescos. Saco com um gato dentro. Mesa. Papel e caneta. Uma mala. Violão. Chave para Pantaleão. Espada que perca o cabo para Horácio. Corda.

Argumento
Vivia em Roma, cidade eterna, um distinto mercador conhecido por Pantaleão que havia comprado uma antiga casa por módico preço. Nesta casa, além do mercador foram morar os seus filhos: Horácio e Isabela; e seus respectivos criados: Cola e Francisquinha. Ao lado da antiga casa, onde passou a morar esta família,  morava o doutor Graciano e sua filha Flamínia. Pantaleão e Graciano eram amigos de muitos anos, mas o primeiro desejava secretamente a filha do amigo. O mesmo mercador, porém, sempre foi muito rígido com a própria filha Isabela, não deixando-a passear na rua e instruindo seu filho Horácio que a vigiasse. Por ficar muito em casa, Isabela junto com sua criada Francisquinha descobriram segredos da casa que ninguém mais conhecia, inclusive saídas secretas. Acontece que certo dia chegou na cidade um forasteiro e seu criado, parente distante de Pantaleão, que desejavam hospedar-se uma noite em Roma. A história segue-se a partir desses fatos.

Cidade: Roma

CENA 1: FLÁVIO e ARLEQUIM
Flávio fala com Arlequim da sua chegada em Roma, e Arlequim sobre o comer: fazem lazzi. Nisto.

CENA 2: ISABELA, FRANCISQUINHA, FLÁVIO e ARLEQUIM
Chegam Isabela e Francisquinha com xales cobrindo as cabeças e imploram que Flávio e Arlequim as defendam de quem às seguem. Eles prometem, as mulheres saem, eles ficam. Nisto.

CENA 3: HORÁCIO, COLA, FLÁVIO e ARLEQUIM
Horácio e Cola perseguem as mulheres. Lazzi de Arlequim para tentar parar eles. No fim, Horácio e Flávio puxam as armas.

CENA 4: PANTALEÃO, HORÁCIO, COLA, FLÁVIO e ARLEQUIM
Pantaleão se coloca no meio depois dos lazzi de Arlequim, Pantaleão reconhece Flávio, pacifica o filho Horácio e convida Flávio a hospedar-se em sua casa. Lazzi de Arlequim, Flávio aceita, e manda Arlequim pegar as coisas deixadas. Arlequim sai. Pantaleão e Flávio, comentam da viagem, vão embora juntos. Horácio e Cola ficam e batem na porta de Flamínia.

CENA 5: FLAMÍNIA, HORÁCIO e COLA
Flamínia aparece na janela. Faz cena de amor com Horácio. Depois ela entra. Eles discutem sobre os forasteiros, depois Horácio comenta da irmã e Cola de Francisquinha, e para adverti-las que estarão hospedados na casa de Pantaleão, saem.

CENA 6: GRACIANO e FLAMÍNIA.
Graciano e Flamínia saem para passear, e Graciano diz a Flamínia que quer solicitar uma coisa, deixá-la na casa de Pantaleão. Ela contente acena que assim poderá falar com Isabela e Horácio. Graciano manda Flamínia para casa e ele sai para encontrar Pantaleão.

CENA 7: ISABELA E FRANCISQUINHA
Isabela e Francisquinha, sem o xale na cabeça, falam do perigo que correram e da dúvida de terem sido reconhecidas por Horácio, comentam sobre os forasteiros (que gostou deles e que lhe mandará uma carta de amor). Nisto.

CENA 8: HORÁCIO, COLA, ISABELA e FRANCISQUINHA
Horácio avista as moças e avisa a Cola. Mulheres suspeitam que foram reconhecidas, ao fim entendem que o Pai recebeu em casa os forasteiros, eles recomendam honradez. Cola e Horácio partem. Francisquinha diz a patroa a coisa do quadro e para vê-lo, retiram-se.

Quarto com quadro falso

CENA 9: PANTALEÃO, FLÁVIO, depois ARLEQUIM com CARREGADOR
Pantaleão designa o quarto a Flávio com sua chave dizendo não ter outra entrada, nisto Arlequim com Carregador que traz as coisas, põe por terra e sai o carregador. Pantaleão manda Flávio repousar e sai. Flávio ordena que Arlequim faça pouco barulho e se retira.

CENA 10: ARLEQUIM, depois FRANCISQUINHA atrás do quadro
Cena de lazzi de Arlequim no cantar e tocar o violão, nisto Francisquinha responde de trás do quadro, ele fechando o quarto foge assustado.

CENA 11: FRANCISQUINHA e ISABELA
Quando Arlequim foge, Francisquinha sai de trás do quadro e chama Isabela. Esta vem pelo mesmo caminho. Abrem a mala, Isabela escreve o bilhete amoroso, e o põe sob a mala. Ouvindo rumores de pessoas, se retiram por trás do quadro.

CENA 12: ARLEQUIM, FLÁVIO, ISABELA atrás do quadro, depois FRANCISQUINHA
Arlequim com o candeeiro entra no quarto com Lazzi (de medo), vê as coisas no chão. Entra Flávio que tropeçando cai, fazem cena de bêbado. Flávio vai trocar de roupa e acha o bilhete, o lê. Arlequim diz a Flávio que escreva uma carta para ele, Flávio aceita contanto que Arlequim dite. Arlequim aceita e Flávio escreve. Isabela, de trás do quadro, observa a cena. Flávio rasga a carta e ordenando a Arlequim que pegue um lenço, se retira. Francisquinha assume o lugar de Isabela atrás do quadro. Arlequim abre o baú, pega uma fronha, onde deve estar o lenço. Enquanto arruma o que colocou pra fora, Francisquinha entra por trás do quadro, e coloca um gato dentro da fronha. Arlequim pega a fronha e o gato mia muito alto, com lazzi de medo Arlequim termina a cena e sai. Francisquinha, rindo, muda o cenário para Cidade pega mala e sai.

Cidade

CENA 13: PANTALEÃO E GRACIANO
Pantaleão e Graciano fazem cena de amizade. Graciano pede a Pantaleão que receba em sua casa por um dia e uma noite Flamínia sua filha, porque ele deve estar fora de casa e não quer deixá-la só, mas em companhia de Isabela, sua filha. Pantaleão acena ao público ser um amante. Se alegra e manda que o Graciano chame Flamínia.

CENA 14: FLAMÍNIA, PANTALEÃO, GRACIANO, depois ISABELA.
Graciano chama Flamínia que vem e entende tudo. Pantaleão chama Isabela que vem receber Flamínia, cena de elogios, mulheres entram em casa. Velhos saem mudando cenário.

Quarto

CENA 15: FRANCISQUINHA e ARLEQUIM, depois FLÁVIO
Francisquinha sai do quadro carregando bandeja com duas cartas, e a mala deles. Nisto Arlequim entra no quarto com candeeiro. Francisquinha, por trás, apaga-o e lhe dá um tapa. Ele gira e nisto entra Flávio. Flávio se bate no escuro com Francisquinha, que lhe deixa na mão a bandeja e parte pelo quadro. Flávio manda Arlequim pegar uma luz. Ele acende o candeeiro, procuram por alguém, não encontram ninguém. Flávio lê as cartas, Arlequim faz lazzi de medo. Ao fim, Flávio dizendo que ele pegue as cartas e a mala, parte em viagem. Arlequim pegando, mas as deixa as cartas cair, enquanto sai apressado.

(na frente do palco)

CENA 16: ISABELA, FLAMÍNIA depois FRANCISQUINHA
Isabela contando a Flamínia o seu novo amor, entra Francisquinha e lhe conta o que ocorreu aos forasteiros, nisto

CENA 17: ISABELA, FLAMÍNIA, FRANCISQUINHA E PANTALEÃO
Pantaleão diz as mulheres da viagem de Flávio, mulheres entram em desvario. Pantaleão faz sua cena de afeto com Flamínia. Mulheres se retiram, Pantaleão fica dizendo querer pedir Flamínia ao Graciano quando ele voltar e sai.

CENA 18: FLÁVIO E ARLEQUIM
Arlequim foge de Flávio com um porrete por causa do esquecimento das cartas. Flávio acena ter os cavalos selados e querer os escritos, todos dois saem.

(no palco)

CENA 19: ISABELA E FRANCISQUINHA do quadro, depois FLÁVIO E ARLEQUIM
Isabela sai do quadro com o xale que cobre a cabeça e lanterna apagada e diz a Francisquinha que fique dentro até que ela a chame, pois vai verificar se eles já viajaram. Francisquinha que obedecerá. Isabela vê as cartas e conclui que não viajaram. Nisto, Flávio e Arlequim vem procurar as cartas. Arlequim diz que agora era hora que o fantasma desse a luz. Isabela cobre a cabeça e acende a lanterna, temor de Flávio e Arlequim. Fazem a cena do fantasma. Flávio e Arlequim vão fechar a porta para que o fantasma não escape. Nisto, Isabela apaga a lanterna e vai embora pelo quadro com pressa.

CENA 20: FLÁVIO e ARLEQUIM
Dizem ter fechado a porta, procuram e não vêem ninguém; dizem que foi uma ilusão. Flávio se põe a procurar as cartas no chão, no escuro, lazzi de Arlequim que também procura, tropeça, cai até que batam a cabeça e caiam desmaiados.

CENA 21: ISABELA e FRANCISQUINHA com xales e duas lanternas, FLÁVIO E ARLEQUIM.
Isabela e Francisquinha aparecem pelo quadro e fazem cena chamando-os. Flávio pega o xale de Isabela que apaga a luz, mas deixa cair a lanterna, mulheres saem pelo quadro, deixando uma lanterna no chão. Flávio fica com o xale e ordena a Arlequim uma lanterna. Ele pega a lanterna no chão e acende, Flávio se retira dizendo que encontrará a dona do xale e das cartas, sua amada. Arlequim fica com medo e com a lanterna acesa, dizendo não ser mulher e sim a Dama Demônio.

CENA 22: ARLEQUIM e FRANCISQUINHA
Lazzi de Arlequim que treme petrificado. Nisto, Francisquinha de fantasma o assusta. Arlequim assustado corre para fora do quarto. Ela corre atráz.

(na frente do palco)

CENA 23: ARLEQUIM e FRANCISQUINHA de fantasma.
Arlequim correndo e gritando “A Dama Demônio!”. Francisquinha chega assustando-o. Ele assustado retira o xale dela. Ela ri. Ele a reconhece da rua. Ela manda chamar o patrão. Ele grita chamando-o.

CENA 24: FLÁVIO, FRANCISQUINHA e ARLEQUIM
Flávio surge. Arlequim e Flávio são conduzidos no escuro por Francisquinha até o quarto, ela diz que esperem que agora entrará em cena a sua patroa e sai pelo quadro. Eles fazem confusão. Nisto

(no palco)

CENA 25: ISABELA e FRANCISQUINHA  FLÁVIO, ARLEQUIM do quadro
Entra Isabela e Francisquinha no escuro pelo quadro. Isabela ordena Francisquinha os refrescos. Francisquinha vai e volta com os refrescos em uma mesa e com luz se faz a cena de namoro. Nisto, Horácio chama (na frente do palco) as mulheres. Elas se alteram. Isabela ordena Francisquinha levar embora Flávio e Arlequim pelo quadro, e saem. Nisto

CENA 26: HORÁCIO e ISABELA
Horácio entra perguntando o que ela fazia no quarto dos forasteiros. Ela responde: “um pouco de recreação”. Nisto ouve-se um barulho de porta e Horácio suspeita e parte para verificar. Isabela quer segurá-lo, mas ele determinado vai pela porta. Temor de Isabela de ser descoberta pelo irmão, ela foge pelo quadro.

CENA 27: ARLEQUIM, FLÁVIO, FRANCISQUINHA do quadro, depois HORÁCIO do quadro
Francisquinha conduz pelo quadro Flávio e Arlequim. Ela diz que o quarto está vazio e que ali devem estar seguros. Ela parte pelo quadro para procurar a patroa, eles confusos ficam; nisto Horácio volta chamando Isabela. Arlequim se esconde embaixo da mesa. Flávio põe a mão (na espada) Horácio re-prova a ação e quer duelar. Horácio retira a mesa que impede e descobre Arlequim escondido. Prende ele no quarto e ao fazer isso Horácio perde o cabo da espada. Flávio manda ir pegar outra. Horácio parte. Flávio vai atrás. Arlequim, amarrado, chama o patrão e Flávio sai.

(na frente do palco)

CENA 28: PANTALEÃO e depois ISABELA
Pantaleão afirma não saber onde esteja Flamínia e Isabela, nisto Isabela entra fugindo do irmão, pede ajuda ao pai. Pantaleão pega ela e diz querer prendê-la no quarto para depois esclarecer o que houve entre ela e o irmão. Partem.

(no palco)

CENA 29: ARLEQUIM
Arlequim amarrado foge pelo quadro pulando.

CENA 30: ISABELA, PANTALEÃO e ARLEQUIM
Pantaleão tranca-a no quarto e diz que ela ficará lá até que o irmão apareça. Pantaleão sai. Arlequim retorna pelo quadro. Isabela desamarra Arlequim e fogem pelo quadro.

(na frente do palco)

CENA 31: FLÁVIO e ARLEQUIM. PANTALEÃO do quarto, depois ISABELA.
Flávio faz cena de perplexidade com Arlequim de como ele se soltou, nisso Pantaleão gritando (no palco) procura Isabela em cena dizendo tê-la prendido naquele quarto, sai do quarto. Flamínia entra, vê Flávio, ele a reconhece como amante. Ela conta que o pai a prendeu, mas ela fugiu e pede proteção. Ele promete, nisso

CENA 32:PANTALEÃO, HORÁCIO, FLÁVIO, ARLEQUIM e ISABELA
Pantaleão entra ouvindo de Horácio que Flávio não se foi. Ao avançar Horácio vê Flávio com Isabela, vai em sua direção para duelar. Pantaleão também repudia Flávio que se coloca em defesa e procura desculpar-se, nisto, Horácio saca a espada e duelam.

CENA 33:GRACIANO e FLAMÍNIA, PANTALEÃO, HORÁCIO, FLÁVIO, ARLEQUIM e ISABELA
Graciano e Flamínia entram por causa da confusão. Flamínia e Isabela se colocam no meio para separar a luta. Arlequim o mesmo. Graciano pede a Pantaleão que deixe que Flávio possa desculpar-se. Pantaleão afagando Flamínia concede. Horácio repreende o pai pelos afagos. Flávio narra resumidamente sua partida, o motivo do seu retorno (as cartas) e todo o ocorrido. Isabela ajoelhada conta tudo a seu pai (as cartas, o quadro, o fantasma) e lhe perde perdão. Pantaleão fica com raiva de sua filha. O Graciano apazigua a raiva do amigo, dizendo que as mulheres estão com os hormônios à flor da pele. Pantaleão diz que com ele ocorre o mesmo. Horácio faz cena de amizade com Flávio que solicita a mão de Isabela em casamento. Horácio dá um passo para duelar. Graciano o intercepta chamando Flamínia e dando-a a Horácio em casamento. Pantaleão consente os dois casamentos. Segue o casamento de Isabela e Flávio e de Horácio com Flamínia. Com os agradecimentos de Arlequim termina a comédia.

Cenas a serem ensaiadas
Arlequim sobre o comer: fazem lazzi
Lazzi de Arlequim para tentar parar eles
Flamínia aparece na janela. Faz cena de amor com Horácio
Lazzi de Arlequim no cantar e tocar o violão, nisto Francisquinha responde de trás do quadro.
Arlequim com o candeeiro entra no quarto com Lazzi (de medo).
Flávio que tropeçando cai, fazem cena de bêbado.
Arlequim dite. Arlequim aceita e Flávio escreve.
Arlequim pega a fronha e o gato mia muito alto, com lazzi de medo.
Pantaleão e Graciano fazem cena de amizade.
Isabela que vem receber Flamínia, cena de elogios.
Flávio lê as carta.
Pantaleão faz sua cena de afeto com Flamínia.
Fazem a cena do fantasma.
Arlequim que também procura, tropeça, cai até que batam a cabeça e caiam desmaiados.
Flávio e Isabela: cena de namoro.
Horácio faz cena de amizade com Flávio.
Casamento de Isabela e Flávio e de Horácio com Flamínia.
Agradecimentos de Arlequim termina a comédia.