O FALSO MARIDO
Tradução, adaptação e argumento: Marcus Villa Góis. Manuscrito original de Basilio Locatelli, conservado na Biblioteca Casanatense Roma, Manoscritti 1211 e 1212. Publicado por: TESTAVERDE, Anna Maria. I Canovacci della Comedia dellArte. Torino: Giulio Einaudi, 2007.
Personagens
Pantaleão, ator 1.
Flamínia, filha, ator 2.
Flávio, jovem, ator 7.
Arlequim, servo, ator 3.
Graciano, ator 4.
Isabela, filha, ator 5.
Horácio, jovem, ator 6.
Francisquinha vestida de homem, falso marido de Isabela, ator 2.
Colombina, serva, ator 1.
Coisas: um vestido de Flamínia e um véu; seis roupas de dormir; seis lanternas com luz. Uma roupa de homem para Francisquinha.
Argumento:
Existiam numa pequena cidade do interior da Itália dois velhos amigos na tristeza e na alegria, nas aventuras e nas desventuras. Pantaleão e Graciano, dois velhos ricos, viviam felizes até que suas esposas morreram e os deixaram viúvos criando seus filhos. Pantaleão criava Flamínia e Flávio com a ajuda de Arlequim. Já Graciano criava Isabela e Horácio com a ajuda de Francisquinha e Colombina. Sabendo que Graciano queria dar Isabela como esposa a seu amigo Pantaleão Francisquinha fugiu de casa com a intenção de ajudar sua patroa e nunca mais voltou. Pantaleão percebendo que seu filho Flávio poderia atrapalhar seu casamento o mandou para o exterior. Pantaleão quis retribuir o favor do amigo e deu a mão de sua filha Flamínia a Graciano. Acontece que surgiu na cidade um nobre cavaleiro rico e acabou por fazer com que Graciano mudasse de idéia e desse Isabela a ele. Isabela e o nobre cavaleiro se casaram. A partir desses dados começa o nosso espetáculo.
Cidade
CENA 1: HORÁCIO e FLÁVIO
Horácio vem pela rua; se alegra com Flávio porque voltou do exterior; Horácio conta que Isabela, filha de Graciano, se casou; Flávio se desespera, pois ela prometeu não tomar outro por marido além dele; Horácio sem graça pela gafe, parte pela rua. Flávio fica se lamentando pela falta da palavra de Isabela, diz que quer esclarecer, bate na casa dela. Nisto
CENA 2: ARLEQUIM e HORÁCIO
Arlequim de casa, reconhece Flávio seu patrão, se alegra por ter voltado do exterior, lhe diz que Isabela se casou; Flávio pede ajuda a Arlequim, promete-lhe gorjeta; Arlequim diz não poder, por ser um marido muito ciumento e mantê-la na rédea curta, ao fim, depois de lazzi, diz que tentará falar com ela, partem pela estrada.
CENA 3: PANTALEÃO
Pantaleão saindo de casa, diz que casará Flamínia, sua filha, com Graciano, que já lhe deu a palavra. Nisto
CENA 4: GRACIANO e PANTALEÃO
Graciano vindo de casa, diz querer fazer logo a festa de casamento para desfrutar a lua de mel dele e da filha de Pantaleão, isto é, Flamínia; Pantaleão quer dar ela, bate na casa dele. Nisto
CENA 5: FLAMÍNIA, GRACIANO e PANTALEÃO
Flamínia sai de casa, ouve de Pantaleão que se casará com Graciano, se lamenta por ser velho, mas ao fim, para satisfazer seu pai, lhe toca a mão e promete se casar. Flamínia entra em casa; Pantaleão e Graciano dizem querer dar a ordem para organizar as núpcias, partem pela rua.
CENA 6: HORÁCIO
Horácio vem pela rua e fala sobre o amor que sente por Flamínia, resolve falar com ela, revelar o seu amor e perguntar se ela o quer por namorado, bate. Nisto
CENA 7: FLAMÍNIA e HORÁCIO
Flamínia da janela de casa, ouve o amor de Horácio, ela demonstra querer bem a ele, depois diz estar prometida em casamento a Graciano, Horácio se desespera porque o pai a prometeu em casamento; ao fim concordam estragar as núpcias, Flamínia entra em casa; Horácio fica, desesperado pela sua desgraça e por não saber como estragar as núpcias. Nisto
CENA 8: ARLEQUIM e HORÁCIO
Arlequim vem pela rua, vê Horácio desesperado, ao fim entende que ele está apaixonado por Flamínia, a qual está prometida a Graciano, é solicitado a estragar as núpcias com uma boa gorjeta, ele promete fazer o melhor; Horácio parte pela rua, Arlequim fica, diz querer falar com Isabela pelo amor de Flávio, bate na casa dela. Nisto
CENA 9: FRANCISQUINHA e ARLEQUIM
Francisquinha saindo de casa, vestida de homem, bradando, diz ter ouvido baterem na porta e não saber quem seja, vê Arlequim, lhe grita perguntando se ele bateu na porta, Arlequim diz que não, que está indo trabalhar e se retira à parte; Francisquinha chama fora Isabela. Nisto
CENA 10: ISABELA, FRANCISQUINHA e ARLEQUIM
Isabela saindo de casa, dá a entender que seja honesta, sã, que nem se mostra da janela se quiser tomar um ar, nem vá perto do pátio ou na frente da casa, nem fala com pessoa alguma. Francisquinha manda ela se comportar, pois ouviu alguém batendo na porta. Isabela diz que fará o melhor, entra em casa, Francisquinha parte pela estrada; Arlequim diz que, estando o marido fora de casa, deseja falar com Isabela. Nisto
CENA 11: FLÁVIO
Flávio vem pela rua e pergunta a Arlequim se ele falou com Isabela. Arlequim fala que não porque o marido dela não deixou, mas que agora ele saiu e por isso vai tentar de novo; Flávio se retira à parte, Arlequim bate. Nisto
CENA 12: ISABELA
Isabela sai de casa, entende as desgraças de Arlequim, isto é, ter morrido a esposa. Arlequim diz querer, no entanto, dar uma boa nova, isto é, ter Flávio tornado do exterior, seu tão querido namorado, que se quiser falar com ele o fará vir, Isabela diz ter se casado e que por honra do seu marido não cuida mais do amor de Flávio, Arlequim suplica dizendo que se quiser recordar daquele que amou mais que a própria vida, que foi fiel amante, diz: “Será possível que tenhas um coração de gelo, que não se recorde um pouco daquele fogo amoroso que existia antes? Será tão cruel que, vendo quem por ti se destrói e morre, não se move a piedade? Que és sórdida mais que o mármore? Que não quer sentir o seu sofrer? Recorde do seu caro e fiel Flávio!” Isabela, depois de estar quieta diante das palavras de Arlequim, sem ter nunca respondido, desmaia nos braços de Arlequim, sem falar nem responder; Arlequim pede ajuda e grita, Flávio acode ao rumor, vendo Isabela desmaiada, se desespera, Arlequim faz lazzi com o tê-la nos braços, depois a leva em casa e entra; Flávio desesperando-se parte pela rua.
CENA 13: ARLEQUIM
Arlequim sai de casa, diz que Isabela retornou a si, parte para dar as boas novas a Flávio pela rua.
CENA 14: FLÁVIO e HORÁCIO
Flávio vem pela rua; Horácio diz ser verdade que Flamínia se casará; Flávio responde que Isabela, sua amada, também ganhou marido; se lamentam das suas desgraças, depois resolvem ir ao menos às núpcias para gozarem a vista. Nisto
CENA 15: GRACIANO, FLÁVIO e HORÁCIO
Graciano vem pela rua, fala sobre as núpcias e de estar contente com a mulher que pegou; Flávio fala como eles desejam ir às núpcias, Graciano agradece aos jovens e diz que não se incomodem, Horácio diz que querem ir porque querem cantar e tocar, Graciano os dispensa, os jovens insistem ainda que querem ir, fazendo mil ofertas, ele os dispensa de novo fazendo lazzi, eles dizem que em breve se verão nas núpcias, partem pela rua; Graciano fica dizendo como são inoportunos, que querem ir por força sem serem chamados, parte pela rua.
CENA 16: ARLEQUIM
Arlequim vem pela rua, diz querer pedir de novo a Isabela que queira escutar Flávio, bate. Nisto
CENA 17: COLOMBINA e ARLEQUIM
Colombina sai de casa, Arlequim fala que quer pedir a Isabela, sua patroa, que escute Flávio, prometendo-lhe um prato de macarrão, Colombina promete fazer de tudo, bate. Nisto
CENA 18: ISABELA, COLOMBINA e ARLEQUIM
Isabela, da janela de casa, é suplicada por Arlequim para que ouça Flávio ao menos uma vez, Isabela não quer.
CENA 19: FRANCISQUINHA, ISABELA, COLOMBINA e ARLEQUIM
Francisquinha vem pela rua e fica à parte observando a cena. Colombina e Arlequim se ajoelham um de cá outro de lá, Colombina diz: “Senhora Isabela, não seja tão cruel, mova-se à nossa súplica, não queria ver a morte de um homem que tanto te ama e te deseja, escute o senhor Flávio que quer te dizer uma palavra”; Isabela depois de ter estado quieta, recusa falar e diz não querer vê-lo, que não quer comprometer a sua honra, tendo ela marido, diz que vão embora, que seu marido está vindo, que não seja a ruína deles e a dela. Nisto, Francisquinha, escondida em um canto, tendo ouvido tudo, parte pela rua, Arlequim responde dizendo: “Não nos moveremos nunca daqui até que a senhora se mova por piedade e nos faça essa graça de escutar o senhor Flávio”; ao fim Isabela tocada pelas súplicas diz que pode escutar Flávio com pacto de não responder-lhe nunca; Colombina e Isabela entram em casa, Arlequim fica e diz querer encontrar Flávio. Nisto
CENA 20: FLÁVIO e ARLEQUIM
Flávio vem da rua, entende tudo de Arlequim, contente a faz chamar, bate. Nisto
CENA 21: ISABELA, FLÁVIO e ARLEQUIM
Isabela da janela de casa, vê Flávio, ela silencia, Flávio lembra a ela do seu amor, a promessa, o ter esquecido dele, ter se casado; depois de muitas súplicas que quer que ela responda e narre a causa do seu desdenho, Isabela fala, Arlequim diz: “ela falou, ela falou, o peixe caiu na rede”; Isabela recusa Flávio, dizendo: “saia da minha frente, não se envergonha de falar? Vá embora, saia de baixo!”; Flávio quieto, sem dizer nenhuma palavra, parte pela rua; Arlequim diz: “Oh senhora Isabela, não é possível que seja tão cruel...”, Isabela o expulsa com as mesmas injurias dizendo: “Saia da minha frente, seu gigolorzinho!”, Arlequim, quieto, sem falar nada, parte pela rua, Isabela fica. Nisto
CENA 22: FRANCISQUINHA e ISABELA
Francisquinha vem pela rua, diz a Isabela aquilo que fez na rua, Isabela diz: “Meu marido, eles vieram decididos e queriam que eu falasse com um deles, e eu não quis nunca consentir pelo amor que eu tenho por ti”; Francisquinha diz: “Minha mulher, agora eu te quero bem, já que conheço a tua fidelidade”, se abraçam e entram em casa.
CENA 23: PANTALEÃO e ARLEQUIM
Pantaleão vindo da rua diz ter prometido dar Flamínia, a sua filhazinha, a Graciano, diz ter se arrependido, e não querer mais dá-la por haver muito mau informações dele; Arlequim diz fazer bem em não dá-la. Nisto
CENA 24: GRACIANO, PANTALEÃO e ARLEQUIM
Graciano, vindo pela rua, fala sobre as núpcias, o terno do noivo; Pantaleão lhe dá boas palavras, Pantaleão parte pela rua; Arlequim diz a Graciano como Pantaleão se arrependeu de dar a filha por esposa, por ter mau informações dele; Graciano pede a Arlequim ajuda para se encontrar com Flamínia; Arlequim promete dar ela em suas mãos, diz que às duas horas da manhã, dando-lhe um sinal com um assovio, saia, que terá Flamínia em seu poder; testam e combinam o assovio. Graciano alegre parte pela rua. Nisto
CENA 25: COLOMBINA e ARLEQUIM
Colombina vem pela rua, ouve que se vestirá como Flamínia para enganar Graciano, mas que não deverá falar nada. Colombina diz que fará de tudo, parte pela rua. Nisto
CENA 26: ISABELA e ARLEQUIM
Isabela sai de casa, Arlequim a vê e diz que ela não queira ver a morte de Flávio, que queira escutá-lo e ajudá-lo, que não seja assim tão cruel. Isabela pergunta se ele quer bem a Flávio, Arlequim diz que pelo seu amor não cuida da própria vida. Isabela diz que, se ele tem compaixão por Flávio, é necessário que durma com o seu marido, se quiser que ela possa estar com Flávio. Arlequim coloca a mão na barba e diz: “Não vê, acho que você está me confundindo”; Isabela diz: “não estou, é porque meu marido é ciumento e se não me encontra na cama com ele, pobre de mim... é preciso que eu me recolha junto com ele, e três ou quatro vezes na noite ele acorda e me toca para ver se estou ali. Ele tem na cabeceira da cama um punhal desembainhado, que se ele não sentisse nada me enfiaria todo na pança”. Arlequim diz não querer se meter nesse perigo; Isabela diz que se ele ama o seu patrão é necessário que durma. Arlequim depois de muitos lazzi diz que o ensine como deve fazer, Isabela diz: “Assim que meu marido se deita junto comigo me beija na boca e mete uma mão sobre o meu tronco e me vai tocando até a barriga e depois sobre os peitos e repara se estou respirando, e é bem comum que ele esteja com o punhal desembainhado na mão”. Arlequim se mostra intrigado, nem sabe como fará, mas que dormirá com a cabeça virada para os pés e com as nádegas para cima, e quando o marido lhe tocar a bunda pensará que sejam os peitos e que as bufas servirão para que ele pense que respire, se bem que o fedor o fará afastar: “ mas se me der uma punhalada no buraco do cu, então cagarei todos os lençóis”; ao fim concordam em ir, com o pacto de não falar nunca para que o marido não perceba pela voz, Arlequim diz que vai fazer pelo amor de Flávio, seu patrão. Arlequim diz que dará um sinal com um assovio a Isabela para que ela saia; demonstra outro assovio. Isabela diz que esperará o sinal e sairá rápido, entra em casa. Nisto
CENA 27: FLÁVIO e ARLEQUIM
Flávio vem pela rua, Arlequim diz que conseguiu que ele se encontre com Isabela e que ele volte em duas horas que terá um encontro com Isabela. Flávio alegre, faz carícias em Arlequim e parte pela rua. Nisto
CENA 28: HORÁCIO e ARLEQUIM
Horácio pela rua, lembra a Arlequim do seu amor por Flamínia e diz que quer estragar as núpcias dela com Graciano, Arlequim promete ajudá-lo, bate na casa de Flamínia. Nisto
CENA 29: FLAMÍNIA, HORÁCIO e ARLEQUIM
Flamínia da janela de casa, ouve o amor de Horácio, o aceita por amante e por esposo, combinam se encontrar em uma hora, ao sinal do assovio de Arlequim. Arlequim demonstra o terceiro assovio diferente. Flamínia entra em casa; Horácio parte pela rua. Nisto
CENA 30: COLOMBINA e ARLEQUIM
Colombina vem de casa, vestida como Flamínia, para enganar Graciano; Arlequim dá o sinal assoviando para Graciano. Nisto
CENA 31: GRACIANO, COLOMBINA e ARLEQUIM
Da rua, abraça Colombina pensando ser Flamínia, dizendo: “meu bem, te terei mesmo sem o consentimento daquele velho bicudo”; partem pela rua, Arlequim fica. Nisto
CENA 32: FLÁVIO e ARLEQUIM
Flávio vem pela rua, para ficar com Isabela, Arlequim lhe dá o sinal. Nisto
CENA 33: ISABELA, FLÁVIO e ARLEQUIM
Isabela sai de casa, abraça Flávio e partem pela rua, Arlequim fica. Nisto
CENA 34: HORÁCIO e ARLEQUIM
Horácio vem pela rua para encontrar com Flamínia, Arlequim dá o sinal com o assovio para Flamínia. Nisto
CENA 35: FLAMÍNIA, HORÁCIO e ARLEQUIM
Flamínia sai de casa, abraça Horácio e partem pela rua; Arlequim diz que precisa ir para ficar na cama do marido de Isabela, que se ele despertar, não perceberá nada, entra em casa.
CENA 36: GRACIANO e COLOMBINA
Graciano e Colombina, vêm pela rua, de roupa de dormir, ambos com uma lanterna na mão. Graciano diz não ter podido dormir por causa de muitos pássaros que faziam muito barulho, diz querer ir em outra casa, diz a Colombina pensando ser Flamínia: “Alma minha, meu bem, deixe-me beijar-te uma só vez!”, Colombina não quer, Graciano olha se vem alguém, descobre seu rosto, o qual vendo ser muito feio, começa a gritar, chamando ajuda, pensando que sejam fantasmas. Nisto
CENA 37: ARLEQUIM, FRANCISQUINHA, FLÁVIO, ISABELA, GRACIANO e COLOMBINA
Da casa deles, saem todos de camisola e uma lanterna na mão, correram pelo barulho, já que já tinham ido para cama; Graciano no fim reconhece ser Colombina, lhe grita e lhe reclama, Colombina diz que foi Arlequim que mandou ela ir disfarçada, Arlequim revela o engano e as espertezas feitas, e diz que, estando apaixonado um pelo outro, deu Flamínia por mulher a Horácio. Graciano chora e sai. Arlequim continua dizendo ter dado Isabela a Flávio, e ele ter ido dormir com o marido que não se percebeu do engano, e que, aliás, foi uma noite maravilhosa. Todos estranham. Francisquinha, retirando a máscara, mas com o cabelo preso, revela não ser ela homem, como todos pensavam, mas mulher, e que fez isso tudo para que no fim Isabela não tivesse outro marido que não fosse Flávio; fazendo alegrias, os namorados tocam as mãos das namoradas para fazer as núpcias, ficando só, Colombina chora pois não ganhou nem um prato de macarrão, todos entram em casa.
Fim da Comédia.
Cenas a serem ensaiadas.
· Flávio pede ajuda a Arlequim, promete-lhe gorjeta, depois de lazzi, Arlequim diz que tentará falar com Isabela.
· Horácio fala sobre o amor que sente por Flamínia
· Cena 12: texto.
· Arlequim faz lazzi por ter Isabela desmaiada nos braços.
· Horácio e Flávio querem ir às núpcias e Graciano tenta dispensá-los.
· Cena 19, 21 e 22: textos.
· Cena 26.
· Cena 31: texto.
· Cena 36: texto.
· Cena 37.